A família e o desenvolvimento da Linguagem
- Dra Selma Mie Isotani Shinzato
- 1 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de ago.

O desenvolvimento de Linguagem ocorre de forma integrada ao desenvolvimento infantil, de acordo com aspectos neurobiológicos e de estimulação do meio ambiente da criança.
As experiências vividas pela criança no seu cotidiano são estímulos que proporcionam a construção de conhecimento, o aprimoramento da percepção, o enriquecimento de memórias, além de fortalecer vínculos e interações.
Neste sentido, a família, em especial os pais, são as pessoas que convivem diretamente com a criança e contribuem enormemente na estimulação desta, estando em posição privilegiada nas interações afetivas e sociais. São os pais que podem realizar uma observação atenta e cautelosa da criança conhecendo seu comportamento, suas reações, “seus gostos”. E são eles que influenciam de forma significativa o seu desenvolvimento.
Brincar e ler são propostas de atividades divertidas do universo infantil, amplamente divulgadas por sua contribuição para o desenvolvimento. A escolha e o direcionamento destas atividades segue de acordo com o perfil da criança, seus interesses, seu estágio de desenvolvimento, sua faixa de idade, aspectos acompanhados de perto pela família. Assim, as famílias podem oportunizar momentos prazerosos de brincadeiras, jogos e leitura, contribuindo para o seu desenvolvimento.
No desenvolvimento da Linguagem a crescente estimulação acontece uma vez iniciada a comunicação. Ao interagir e participar das atividdes lúdicas, os pais proporcionam situações de comunicação, verbal e não-verbal, por meio de diálogos, de conversas, de discussão, de criação de histórias. Nestes momentos a criança é valorizada e os pais fornecem modelos de comunicadores. Sua escolha de palavras, suas frases e enredo das frases são modelos que as crianças poderão utilizar em suas interações futuras. Da mesma forma, o olhar, os gestos, as expressões faciais e corporais e a prosódia de fala, são observados pela criança e são modelos de comunicação não-verbal.
Geralmente as atividades lúdicas, como as brincadeiras, são momentos prazerosos de interação e contato entre pais e filhos, e são propícios ao engajamento da criança na comunicação. Naturalmente a criança é envolvida pela situação e passa a compartilhar suas ideias, narrando os fatos, dividindo dúvidas e propostas, participando ativamente da brincadeira.
Momentos de interação e proximidade com a família são possíveis em várias oportunidades, incluindo as atividades rotineiras do dia-a-dia, como o momento da refeição, do banho, de ir dormir. Assim, por exemplo, o momento da refeição pode ser aproveitado como um momento de aprendizado e troca, quando a criança recebe o alimento e tem a oportunidade ouvir o nome do alimento, de sentir o aroma, de ver as cores e formatos, sentir a textura, criar o significado daquele alimento e eventualmente perguntar sobre ele ou expor sua opinião. Da mesma forma, outras atividades do dia-a-dia podem ser aproveitados para estimular a Linguagem, durante a troca comunicativa.
As rotinas diárias oportunizam previsibilidade e organização, e podem ser momentos de estimulação e aprendizado, permeados pela Linguagem. Trazer o elemento lúdico para as atividades da rotina pode facilitar a interação e a comunicação com a criança.
Portanto, a participação da família é fundamental na estimulação da Linguagem. A atuação fonoaudiológica reconhece as oportunidades do cotidiano e a frequente possibilidade de interações e que trocas comunicativas impactam diretamente no desenvolvimento da Linguagem. Assim, junto à família otimiza as habilidades comunicativas, a interação social e o desempenho acadêmico.
Para saber mais:
Perissinoto J, Tamanaha AC, Isotani SM. Orientação parental em desenvolvimento de linguagem oral na infância: uma perspectiva fonoaudiológica. In: Rodrigues OMPR, Pereira VA (orgs.) Parentalidade: investigações, intervenções e programas. Um livro para pais e profissionais. Vol.2, 1a ed. Curitiba-PR: CRV, 2023
Site: www.hanen.org
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