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Uma breve revisão histórica sobre o conceito do TEA

  • Foto do escritor: Dra Ana Carina Tamanaha
    Dra Ana Carina Tamanaha
  • 8 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de abr.


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A descrição inicial do TEA nos remete a 1943, quando o psiquiatra, Leo Kanner, publicou seu artigo cientifico intitulado “Distúrbio Autístico do Contato Afetivo” para descrever casos clínicos com características comportamentais bastante peculiares: perturbação das relações afetivas com o meio, solidão autística extrema, inabilidades para o uso da linguagem para a comunicação, comportamentos ritualísticos, presença de bom potencial cognitivo, aspecto físico aparentemente normal, início precoce e incidência predominante no gênero masculino.   


Kanner referiu na ocasião, a existência de uma distorção do modelo familiar que ocasionaria alterações no desenvolvimento psicoafetivo da criança, decorrente do caráter altamente intelectual dos pais para explicar uma possível etiologia. No entanto, também assinalou que algum fator biológico poderia estar envolvido uma vez que as manifestações comportamentais eram descritas pelas famílias muito precocemente


Após duas décadas nas quais a ênfase no tratamento foi de base psicodinâmica, ao final dos anos sessenta, estudos experimentais passam a ser conduzidos e as falhas em diversas áreas do desenvolvimento como a percepção, linguagem, cognição começam a identificar e documentar as bases neurobiológicas do TEA.


Somente em 1980 houve o reconhecimento de sua especificidade diagnóstica, com a inserção do termo Distúrbio Global do Desenvolvimento pela American Psychiatric Association em sua terceira versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM III; e mantida na versão revisada - DSM III-R (1987), para categorizar o Autismo e outras condições correlatas, diferenciando este grupo de patologias do quadro de Psicose Infantil.


Nas versões seguintes do DSM IV (1995) e DSM IV-R (2002) adotou-se a classificação tanto do Transtorno Autista quanto do Transtorno de Asperger como subcategorias dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. A distinção entre as duas condições centralizava-se nos prejuízos de comunicação.    


A partir de 2014 com a publicação da quinta versão do DSM 5 (American Psychiatric Association, 2014) o termo Transtorno do Espectro do Autismo passa a ser adotado, valorizando-se assim, o caráter dimensional dos quadros clínicos e a perspectiva de se avaliar a funcionalidade e o grau de assistência necessários para a assistência. Portanto, o TEA é definido atualmente como uma condição neurobiológica caracterizada por prejuízos invasivos e persistentes na interação e comunicação social e pela presença de repertório restrito e estereotipado de interesses e atividades.     

 

Referências

American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM 5. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Tamanaha AC, Chiari BM, Perissinoto J. Uma breve revisão histórica sobre a construção dos conceitos de Autismo Infantil e Síndrome de Asperger. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2008, 13,3:1-7.     

Tamanaha AC. Definição e percurso histórico do TEA. In Tamanaha AC et al (ORG). Estudos de linguagem no TEA. São Paulo, ABarros Ed, 2022, pp 8-12   

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